terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Bye Bye DVP!!

Olaá..amigos leitores, feliz natal, feliz ano novo, feliz carnaval...euhauhea faz tempinho a última postagem, então to devendo muitas felicitações a vocês.

Bem bem da verdade, eu ja tinha desistido do blog, mas ainda pessoas me procuram e dizem "seu blog me ajudou muito". 
Confesso, fico imensamente feliz quando alguém me diz isso, pois é justamente o intuito. Enquanto faço bem a vocês, fazem também a mim: desabafando, compartilhando nossas experiências, e encontrando sempre alguém para nos dar apoio e conforto, sempre uma história que de encontro a nossa ânsia de vitória, venha nos dar esperança.

Hoje vim falar mais uma vez da hidrocefalia e suas derivações, em especial a DVP.

DVP - DERIVAÇÃO VENTRICULAR PERITONEAL



Quem nos acompanha sabe que o Angelo usava duas DVPs, e que de dezembro de 2014 para cá tem passado por muitos procedimentos cirúrgicos em virtude dos problemas com as dvps, pra quem não acompanha e ta pegando o bonde andando, a DVP significa DERIVAÇÃO VENTRÍCULAR PERITONEAL, que é um recurso conhecido por válvula (ou shunt internacionalmente) que serve para drenar o líquor raquidiano para o peritôneo, onde deverá ser absorvido e eliminado pelo organismo.
Enfim, o Angelo passou por uma série de cirurgias devido a uma ventriculite, que se tornou recorrente ao longo de 2015. 
DVE - DERIVAÇÃO VENTRÍCULAR EXTERNA
De dezembro de 2014 ate hoje, não passamos 4 meses completos em casa, podemos contar praticamente ja 10 meses de hospital (considerando o intervalo de 3 meses e 20 dias).
Foram mais de 20 cirurgias desde então, entre trocas de dvps e colocação e troca de DVES, mais uma vez lembrando que DVE é a derivação externa, que vai drenar o liquor para uma bolsa externa, através de uma punção na cabeça que vai ate um saco coletor.
Esse recurso é utilizado quando há infecção no ventriculo, no liquor, meninges, ou tudo o que abrange o cerebro de alguém que tem hidrocefalia.
Para que o recurso da DVP pudesse ser utilizado novamente, primeiro era necessário tratar o líquor, pois este estando doente (com agente infeccioso), causa entupimento do catéter de derivação bem como mal funcionamento do sistema.
E por esta razão Angelo passou por tantas cirurgias, claro que também aliado ao uso de antibióticos fortíssimos: meropenen, vancomicina, polimixina B e anfotericina B.
Infelizmente esses antibióticos além de serem os mais fortes, são também causadores de efeitos colaterais neurológicos, e no caso o Angelo sofreu uma lesão no lobo occipital esquerdo por consequência do uso prolongado de antibióticos.
O caso é que as bactérias enfrentadas nesse período são consideradas fortes: Staphyloccocus e Pseudonomas.
São bactérias de ambiente hospitalar, o que sugere que a infecção foi contraída dentro do hospital.
As constantes contaminações, não foram explicadas conclusivamente pela equipe médica, mas tenho para mim, que na verdade foram rejeições das válvulas que nos levaram aos hospitais, e tão logo no ambiente sujeito a todo tipo de contaminação, não poderia ser diferente que Anjo contraisse uma bacteria forte.
Porque conclui isso: quando efetuamos a internação e os exames de admissão na uti, nunca aparece o agente causador, a bacteria, sempre so aparece em torno de semana depois de internado. E como de praxe o problema é na válvula levando a troca, faz-me a crer que o organismo dele esta rejeitando a prótese, e exposto, acaba contraindo infecção. Enfim, esta é uma hipótese em que eu acredito.
Mas tudo isso que relatei até agora foi pra chegar ao seguinte ponto:
Não haviam mais recursos.
Neurologistas, intensivistas, pediatras e infectologista, todos acompanhando e desenhando a risca o melhor tratamento para meu Anjo, e ele nao dava sinais de melhora, estava sofrendo efeitos colaterais graves, batimentos cardiacos fracos correndo um sério risco de parada cardíaca e até mesmo uma sepsemia.
Estava em uso de duas DVES e chegou a usar uma DVPE, que era uma dvp comunicada com uma dve.
Angelo apresentava pus na parede do abdômem e também na cabeça, o que significava uma infecção violenta e avançada.
As tomografias não eram nada animadoras e a ressonância magnética apontava: encefalite, encefalomingite com varios cistos cerebelares.
A grande dificuldade em controlar a hidrocefalia do Anjo estava no fato de que ao colocar o dreno no local de acúmulo de liquor, ele voltava a se acumular em outro ponto onde não havia o cateter (que são os cistos mencionados). Numa explicação mais didática, é como se fossem pequenas "poças" de liquor dentro do cérebro, não comunicantes entre si.
Ja haviam tres semanas que as DVES não drenavam absolutamente nada (depois de muito drenar pus) o que constatou na ressonância, como ventrículos colabados. O excesso de drenagem de líquor levou a colabar o ventrículo.
Bom ou ruin, nao sei...tudo o que sei e que segundo o neuro, ele pode viver com isso sem maiores prejuizos. O grande risco e de que o líquido volte a acumular nesses cistos.
Devido a esse quadro foi acompanhado por um tempo com tomografias semanais, e foi constatado que nao houve mais acúmulo de líquido, que a infecção cedeu, e que os ventrículos continuavam colabado.
Mediante esta constatação, a decisão da equipe foi não inserir mais as válvulas, pois não havia o que ser drenado.
Desde então (ha aproximadamente duas semanas) meu Anjo esta sem as válvulas.
E esta evoluindo maravilhosamente. Seus batimentos melhoraram, aceitando dieta bem, temperatura estável (o que tava bem difícil controlar), muitos sorrisos, muitos movimentos.
Anjo esta de alta e agora apenas aguardamos a HOME CARE.
Depois de anos usando DVP, pela primeira vez ele esta sem nenhum recurso de drenagem.

A equipe diz se tratar de uma fase temporária em que eles acreditam que tão logo deverá precisar das válvulas novamente.

O caso e que se ele precisasse das válvulas agora teríamos um grande problema: um peritôneo fibrosado pelo excesso de cirurgias, com pouca área de absorção. Isso nos levaria as opções descritas no post anterior, da DVA (Derivação Ventrículo Atrial) ou a DVP ( Derivação Ventrículo Pleural) ambos recursos contra-indicados para o Angelo.

Comparação de uma DVP e uma DVA


Conclusão, (você deve estar dizendo: finalmente..depois desse jornal heheh) Angelo esta curado.

E então voce pode até dizer: "ah mas o médico disse que é temporário"

Sim ele disse, mas cá entre nós, meu médico está acima de todos estes outros. O Senhor Deus e pai da minha vida, acredite ou não,  mas ele vai continuar existindo e transformando tudo o quanto ele toca, e ele me tocou, tocou meu filho, e nos concedeu uma grande benção. Um milagre!

Os médicos também nos disseram que ele não ia resistir, que não tinham mais recursos, que ele não podia estar sorrindo nem se movimentando, pela gravidade da infecção. Os médicos ficam surpresos sempre, e chamam o Angelo de Highlander. 

O que estou dizendo não é que os médicos são ruins ou incompetentes, eles são limitados, por serem humanos, por fazer apenas o que os recursos da medicina dispõe, e segundo eles, ja foi usado tudo quanto poderia para salvar a vida do meu filho.

Portanto, não há como questionar que se trata de um milagre, que eles foram instrumentos nas mãos de Deus para que se alcançasse tais resultados. E eu oro, oro muito por todos eles, pela equipe técnica, por cada um que coloca as mãos em meu filho, oro para que Deus o capacite e que guie suas mãos.

Por isso eu creio que temos uma equipe abençoada! Não porque Eu oro, mas poque Deus não resiste a oração de um filho seu.

Pra você que leu ate aqui, espero ter ajudado, obrigada por sua torcida e por nos acompanhar. Receba nosso carinho sincero. Meu Angelo agradece!


" A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o restabelecerá." (Tiago 5;15)