quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Sinais de Deus

Durante essa minha jornada desde o nascimento do Angelo, vivi algumas experiências além da realidade material, coisas que para a maioria pode ser chamada de coincidência, mas ouvi dizer e assim prefiro chama-las de "Jesuscidências". 


 "Jesuscidencia" caso I - O Vazo 


 " De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra. 2 Timóteo 2:21" 

 Em 2012 numa das internações do Angelo no hospital Femina em Cuiabá, certa noite ele estava muito mal, precisava de um acesso venoso para tomar medicação, entretanto seus braços e pernas já

estavam todos furados, cheio de hematomas das agulhadas que ele levava sem sucesso de punção, e o único que ainda tinha que era um acesso central (um acesso feito direto na veia jugular) foi obstruído por desatenção da enfermagem do andar onde ele estava internado.
Angelo vomitava muito, e estava totalmente letárgico nosso receio era de que a válvula que drena o liquido da hidrocefalia estava obstruída, pois os sinais que ele apresentava eram os mesmos que o acometiam quando a válvula tinha algum problema. Embora ele tivesse feito uma troca recente na ocasião, todos os sintomas nos levava a acreditar que a válvula estava novamente com problemas. Contactamos nosso neurocirurgião que não estava na cidade e ele nos mandou pedir uma tomografia ao medico pediatra que estava cuidando do Anjo, para que no dia seguinte ele pudesse analisar logo que chegasse na cidade e se fosse o caso ja direciona-lo para o centro cirúrgico.
Corremos a solicitar ao medico, mas ele ja tinha feito sua ultima visita do plantão e ao ser contactado pela enfermeira nos garantiu que não iria mais voltar ao hospital. Pedimos então que ela solicitasse a algum medico plantonista, e o plantonista disse que não iria subir ao nosso quarto a menos que fosse emergência ( o que mais poderia ser naquele momento????).
Como de praxe avisei a enfermeira que o soro que mantinha o acesso central estava acabando, e que para não ocorresse obstrução do acesso seria necessário a substituição imediata. A Enfermeira não apareceu, e tentava também sem sucesso encontrar algum medico para nos atender. Perdi a calma ao esperar pela troca do soro e ninguém fazer nada, e também por precisar da visita do medico que não nos atendia, não vi a hora que já estava debruçada no balcão do posto de enfermagem apontando o dedo na cara da moça. 
Quando chegaram em nosso quarto o obvio, o acesso estava perdido e não dava mais pra correr a medicação que Angelo precisava.Não obstante também não conseguiram encontrar um medico pra nos atender. Caí em desespero e desabei em choro. Pedi desculpas por ter sido mal educada com a enfermeira, mas eu estava desesperada e tinha muito medo do que pudesse acontecer ao meu filho. Enquanto elas tentavam recuperar o acesso, eu entrei no banheiro e la de joelhos perguntei a Deus: 

"Pai porque me abandonou? o que eu fiz de errado Senhor? me da um sinal de que esta comigo..não aguento mais isso!"

 Pedi a Deus que se ele estava mesmo comigo que mandasse alguém falar comigo naquela noite, que acalmasse meu coração. 
Depois de todo o sufoco e quando Angelo finalmente melhorou e dormiu, meu esposo pediu a mãe dele que cuidasse do dele pra gente naquela noite, ele me levaria pra jantar no shopping para distrair um pouco a cabeça. 
Fomos ao shopping. Entramos, caminhamos olhamos vitrines, jantamos. Meu corpo estava la, mas estava vazio. Minha alma estava ausente. Dentro de mim a decepção por Deus não se manifestar, uma indignação contra o silêncio, uma descrença repentina e o vazio de que nada mais me restava. Voltamos ao hospital, meu esposo foi pra casa com a mãe dele e eu passei a noite com o Angelo. 
No dia seguinte começou tudo de novo a rotina hospitalar. Normalmente era servido as 8 o café da manhã, e em seguida entravam as camareiras limpando o quarto, as vezes tínhamos que pedir pra que limpassem pois ninguém aparecia. Entretanto naquela manhã bem cedo, eram ainda 6 horas acordei com uma mulher no quarto. Angelo ainda dormia tranquilamente. Ela sorriu e apontou para um livro que eu havia deixado sobre um criado mudo. O livro "A cabana". 
Enquanto dobrava os lençóis foi me perguntando sobre o livro, se eu ja havia lido, se eu gostei. Respondi que ainda não tinha terminado mas que estava gostando muito. Em seguida ela me disse que pretendia le-lo, e que logo que pudesse compraria um exemplar. Sem mais assuntos fiquei quieta, eu ainda estava chateada com a noite anterior. Sem mais ela começou a falar que na noite anterior foi a um culto em uma igreja e que durante o culto o pastor disse: "Não importa a dificuldade que esta vivendo, não desista, Deus esta contigo" continuou falando sobre a perseverança e de que não podemos desistir pois Deus não desiste de nós. E continuou falando sobre adversidades que vivemos e sobre fé nos momentos de lutas, contou-me exemplos de outras mulheres que estiveram internadas com seus filhos muitas vezes naquele hospital e que venceram pela fé, que acreditaram na cura e profetizaram bençãos em suas vidas. 
Eu ja tinha estado naquele hospital muitas vezes e nunca tinha visto aquela camareira simpática, assim como outras vezes estive depois e nunca mais a vi. Mas não tenho dúvidas: ela foi o vazo.

"Jesuscidência" caso II - O mensageiro 

"Porque é este de quem está escrito:Eis que diante da tua face envio o meu anjo,que preparará diante de ti o teu caminho." Mateus 11:10


Havíamos saído da UTI do hospital Jardim Cuiabá no domingo, era quarta-feira e la estávamos nós no pronto atendimento novamente. Angelo vomitava e tinha febres altíssimas, eu não conseguia controlar com as medicações porque nada parava no estomago dele. Enquanto esperava o atendimento médico eu me perguntava porque denovo? porque meu Deus? eu não aguentava mais hospitais, porquê meu filho tinha que passar por aquilo? Eu estava arrasada! Meu Anjo deitado no berço no box de pediatria, tomava soro e remédio endovenoso para cortar a febre e o vomito. Em seguida uma mulher com uma menina entrou, a menina tinha os mesmos sintomas. Enquanto meu marido fora comer alguma coisa, ja que passamos a tarde toda ali no P.A aguardando atendimento e ja eram mais de 6 da tarde, fiquei ali com o Angelo que dormia abatido e pálido. Mas ainda assim eu conseguia aparentar mais doente que ele, doente de espirito estava eu. 
A mulher sorrindo me perguntou: O que ele tem? (olhando pra cabecinha dele). Eu não estava de muito bom humor, e esta era uma pergunta que eu definitivamente não gostava de responder para qualquer um. 

Respondi: nada, é uma ma formação de nascença. 
Ela insistiu: Você ta arrasada neh? eu vi quando você chegou, da pra ver o quanto você ta chateada. Acaba com a gente quando um filho adoece. 
Eu: não, só estou um pouco cansada de ficar aqui. 
Ela: Eu sei como é, eu te perguntei o que ele tem porque meu filho teve hidrocefalia também.

Quando ela me disse isso, passei a me interessar pela conversa.

Eu: Ele também usa válvula? 
Ela: Eh muita cirurgia neh?; meu filho também vivia internado, trocando a válvula. 
Eu: eu não aguento mais hospital, saímos daqui no domingo ja estamos aqui denovo...aff.. 

Nisso comecei a contar a ela o que o Angelo de fato tinha, especifiquei a síndrome, os problemas de saúde pelos quais estava passando, falei das trocas de válvula das cirurgias e perguntei mais sobre ela, de onde era o que estava acontecendo com sua filha que estava ali. 
Ela então me contou que era da cidade de Sapezal, curiosamente naquele dia eu havia atendido uma pessoa de la, uma cliente que acabara de comprar uma viagem comigo. Ate perguntei se ela conhecia, ja que era uma cidade pequena, mas ela parecia não se lembrar. A conversa fluía, mas eu ainda estava invadida de auto-piedade por estar mais uma vez vivendo aquela situação, por mais uma vez saber que meu filho ficaria hospitalizado sem prazo pra sair. 
Ela então me contou maiores detalhes sobre seu filho que também tinha hidrocefalia. "meu filho era super inteligente, lia jornal, estudava, jogava bola, tinha um pouco de desequilíbrio mas tinha uma vida normal. Quase todo ano tinha que trocar a válvula porque dava problema, chegou a ter três válvulas na cabeça. Um dia um medico me disse: mãe, seu filho dificilmente vai passar dos 18 anos. Eu não acreditei naquilo. Mas ele começou a ficar mal, e teve que operar denovo. Um dia ele me disse: 'eu to indo ne mãe?' ele me abraçou forte e disse ' mãe, não me deixa morrer não..'" 

Enquanto ela me contava sua história, lagrimas escorreram pelo seu rosto mesmo assim o sorriso continuava em seus lábios. Ela então terminou: "meu filho morreu faltava um mêss pra completar 18 anos. Na hora que eu soube, eu providenciei o velório, avisei a familia, parece que eu ainda não tinha entendido o que estava acontecendo. Depois que eu preparei tudo caí em mim. O desespero foi tão grande, tão avassalador que entrei em choque. Faz 11 anos que meu filho faleceu, mas mesmo com todas as cirurgias, mesmo tendo que ficar em hospital dormindo em cadeira, eu queria ele aqui pertinho de mim. Eu passaria por tudo denovo, se pudesse ter ele aqui comigo." 

Naquele momento fui invadida de vergonha que substituiu a minha auto-piedade. Fui tomada por coragem para enfrentar, fui coberta de esperança para continuar lutando. 

A mensagem que ela me deixou com seu testemunho guardo comigo:

Viver cada dia a sua historia, sofrer cada dor quando for a hora, sorrir a alegria de viver. ter saudade pelo que ja se foi e lutar pelo que ainda existe pois Deus estará sempre comigo. 

Conclusão 


 Muitos foram os momentos em que Deus com sua infinita misericórdia deu sinais de sua presença e permanência em minha vida. Mesmo em meus devaneios, descrenças e acusações infinitas que eu o fazia de me abandonar, de não existir...Ele estava la o tempo todo, me levantando a cada queda. Deixo aqui portanto o meu convite pra que você também perceba e receba estes sinais, que permita Deus lhe falar, que ele use vasos, mensageiros, sonhos, e a sua propria voz para te dizer o quanto te ama, e o quanto lhe quer com ele. Que você saiba ouvir, acredite e que agarre essa chance com todas as forças, pois tenho certeza (por experiencia) "Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã."( Salmos 30:5).

3 comentários:

Ana Cristina disse...

Oi Adriana, meu nome é Ana Cristina tenho um filho de 2 anos, usa gastro desde os 4 meses e fez a traqueo hj... estamos na uti da femina há 61 dias, relutei muito contra a traqueo, mas nao teve jeito. Ele nao tem diagnostico fechado... como vc é daqui de Cuiaba, gostaria que vc me desse informacao de como fica a rotina em casa com a traqueo, oque precisa comprar, onde comprar...

Se puder entre em contato comigo acoribeiro@yahoo.com.br

thaisaqui disse...

Oi Adriana, que benção ler essa mensagem! Meu irmão está internado por Aplasia da medula. Não tem nada a ver com a situação do seu filho, mas fico feliz de ler (mais uma vez) que Deus não nos abandona, eu sei que Ele está no controle!

Obrigada porque a sua mensagem acalmou meu coração. Achei seu blog por Jesuscidencia!

drika disse...

fico feliz em ter ajudado de alguma forma thais, realmente jesuscidencias rs...so ELE pode fazer essas coisas ;) confie.